A Igreja Católica festeja em 8 de Dezembro a Imaculada Conceição de Maria, a Mãe de Deus e dos homens, porque os seus fiéis acreditam que a Virgem foi dotada de singulares privilégios que a tornaram única e a mais perfeita de entre todas as criaturas.

Inumeráveis gerações de cristãos, de muitas raças e línguas, abraçaram naturalmente, com os olhos da alma e a força do amor, a convicção de que na pessoa da Mãe de Cristo achavam-se reunidas, em grau superlativo e jamais igualado, admiráveis qualidades e excepcionais virtudes.

É pois natural que esse sentimento inspirasse a vida dos cristãos. Por isso a Virgem Maria tem sido, desde remotos tempos, reverenciada e bendita por prosadores e poetas, cantada e celebrada por cantores e músicos, invocada e venerada pela imensidade do povo de Deus e a sua santa imagem tem sido esculpida ou representada por muitos escultores e pintores; pobres e ricos, humildes e poderosos, doentes e sãos, ignorantes e sábios, todos a têm admirado e glorificado nos extraordinários dons com que Deus a distinguiu acima de todas as criaturas.

A dádiva da Virgem Santíssima, feita pelo Criador às criaturas, é de facto um maravilhoso tesouro de graças e de bênçãos, verdadeira Arca da Aliança entre Deus e a humanidade. Os seus predicados não resultaram do acaso ou da imaginação dos teólogos e crentes, mas da graça que a sua alma encontrou em Deus, para ser o Sacrário do Verbo Incarnado; para o efeito, a Virgem Maria foi especialmente enriquecida de dons, isenta de qualquer mácula, sobrenaturalizada pela graça e, por isso, mereceu ser saudada pelo Anjo como bendita entre todas as mulheres.

As homenagens prestadas pelos católicos à Virgem Maria, em 8 de Dezembro, sob a invocação da sua Imaculada Conceição, têm um especial significado para nós, portugueses, porque foi naquele dia do ano de 1646 que os representantes da Nação, por proposta d’El Rei D. João IV, proclamaram Nossa Senhora da Conceição padroeira e protectora de Portugal.

É um facto que as mais belas páginas da História Pátria foram escritas quando os portugueses comungavam a mesma fé e dela davam testemunho, suportando perigos, trabalhos e sacrifícios, quando se dispunham a temerárias empresas para levar o Evangelho de Cristo aos pagãos, ao mesmo tempo que eram dilatadas as fronteiras da Pátria e o nome de Portugal era conhecido e respeitado em todo o Mundo.

Não é despropositado lembrar que Portugal foi feliz nos grandes empreendimentos a que outrora se abalançou enquanto se manteve fiel à fé dos seus antepassados; aquela mesma fé que estes conservaram durante a dominação árabe, que confessaram nos alvores da nacionalidade e que presidiu à consolidação da independência; aquela mesma fé que animou os nossos mareantes a devassar os mares desconhecidos, que confortou os obreiros dos Descobrimentos e que abrasou de zelo os nossos missionários e foi levada a todos os cantos da Terra, para salvação de muitas e variadas gentes.

E é curioso verificar que a face do País mudou por completo quando as classes dirigentes deixaram-se seduzir pela seita maçónica, cujos objectivos foram sempre a destruição da Igreja Católica e a subversão da moral cristã. Infelizmente o escol responsável e os portugueses que por ela se deixaram enganar não tiveram discernimento bastante para ponderar os tremendos danos produzidos na consciência religiosa da Nação pelos ataques à Igreja desferidos pelo marquês de Pombal, ataques esses que foram retomados pela Maçonaria durante os últimos cem anos da Monarquia e prosseguidos durante a primeira República.

Com uma acção política hostil à Igreja e com a adopção de leis visando reduzir ou suprimir o influxo do seu magistério na vida do povo, que já contava com alguns séculos de vivência cristã, o escol desnacionalizado do País foi de facto o promotor da ruína de Portugal, pois a sua direcção traduziu-se na quebra da unidade religiosa, na decadência moral e na discórdia permanente agravada por vários períodos de acesa guerra civil.

Após a golpada de 1974, os esteios da unidade e da força moral da Nação voltaram a sofrer novos danos. Deixando-se enganar pelos demagogos, oportunistas e parasitas, pelos traidores e trafulhas, os portugueses consentiram que os bandos marxistas e as chafaricas maçónicas implantassem a tirania e usassem do poder para ofender os sentimentos religiosos da Nação, zombando da sua fé, cerceando os direitos e liberdades da Igreja, usurpando as suas obras e bens, legislando contra a instituição familiar, fomentando a dissolução dos costumes, favorecendo a pornografia e a devassidão, subvertendo os princípios da moral cristã, corrompendo a juventude e impondo-lhe uma educação eivada de grosseiro materialismo.

O logro em que os portugueses caíram mais uma vez ficou bem evidenciado na incoerência duma nação de maioria católica ser dominada e ter, nos principais lugares da governação ou nos órgãos de soberania, uma caterva de indivíduos recrutados em facções políticas que combatem ou proscrevem qualquer credo religioso, especialmente o catolicismo.

Seria sinal positivo, de prudência e de sensatez, que o povo cristão, em suas preces, rogasse à Padroeira de Portugal que não abandone a nossa Pátria, que a livre de perigos que a espreitam e que suscite em todos nós uma fé mais esclarecida e responsável, para melhor sabermos vivê-la, em consonância com o Evangelho de Cristo e, também, para que seja fonte de inspiração numa menos desastrada e incoerente escolha de dirigentes, a fim de que em breve seja possível resgatar a Nação e conduzi-la por caminhos dignos das suas multisseculares tradições cristãs.

Luís Henriques

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