A muito conhecida e importante Batalha de Navas de Tolosa ocorreu há precisamente 812 anos. O castelo-fortaleza de Salvaterra caiu em poder dos Almóadas — a mais poderosa dinastia muçulmana que até então tinha posto pé nas terras conquistadas do Al-Andalus, após Tarik ter transposto o Estreito de Gibraltar e derrotado os Godos, em 711, na Batalha de Guadalete — no ano de 1211.

O monarca de Castela Afonso VIII preparou uma grande expedição militar contra os invasores africanos.

Para isso fez tréguas com os outros monarcas cristãos da Península; consegue que o Papa dê carácter de cruzada a esta campanha e envia embaixadores a convidar o Rei de França a enviar ajuda.

A concentração das forças cristãs é aprazada para Toledo, a 31 de Maio.

Respondem a esta convocação o Rei Pedro III de Aragão, Sancho VII de Navarra, grande número de cavaleiros franceses, os bispos de Nantes e os arcebispos de Bordéus e Narbona. Como o Papa deu o seu aval, logo concorrem as Ordens de Calatrava, Hospitalários, Santiago e Templários.

D. Afonso II de Portugal dispensa a maior parte do seu exército, para se juntar à contenda. Não dispensou mais e não esteve presente, aparentemente por causa das querelas internas que o opunham a suas irmãs, apoiadas pelo Rei de Leão que, para além de ser o único que não se empenhou na contenda (apesar de alguns cavaleiros leoneses terem combatido em Navas de Tolosa), ainda fez incursões no norte de Portugal e má vizinhança a Castela.

O Exército cristão (dividido em três alas) pôs-se em marcha no dia 21 de Junho comandado por Afonso VIII e tomou os castelos de Malagon e Calatrava, após o que a maioria dos cavaleiros franceses se retirou.

A Batalha de Navas de Tolosa

O Exército avançou então para junto da Serra Morena, onde os islamitas se tinham instalado com alguma vantagem no terreno, dando-se a batalha no dia 16 de Julho de 1212, resultando numa completa derrota dos “mouros”, que foram destroçados e sofreram numerosas baixas, cuja contabilidade certa não chegou até nós. Estima-se que as tropas cristãs contassem entre 12 a 14.000 homens, e os sarracenos contassem entre 22 a 30.000 homens. A maioria das baixas terá ocorrido na debandada.

A Batalha de Navas de Tolosa marca o início da derrocada das forças de Alá na Península Ibérica, a qual só terminou quando os Reis Católicos Fernando e Isabel conquistaram Granada, em 1492.

A guerra civil continuou no reino de Portugal, tendo as irmãs do Rei se fortificado nos seus castelos de Alenquer e Montemor-o-Velho…(1) Até que um acordo difícil foi conseguido através da moderação do Papa Inocêncio III.

Estes acontecimentos devem fazer-nos reflectir.

Em primeiro lugar naquilo que se pode designar pela “união faz a força”…

A união nas ameaças ao exterior da Península deve ser uma constante histórica. O Pacto Peninsular foi disso, também, um bom exemplo.

A divisão é fatal, é o que está a acontecer agora com a actual invasão muçulmana (e não só) da Península. Pior do que isto é a tolerância e a cobardia. Não querer ver, vem a seguir; acreditar que é possível culturas e religiões auto-exclusivas se misturarem e viverem em comum, é dramático, por estúpido.

O bom senso manda e impõe que cada um fica na sua parte; os esforços têm que ser feitos é na boa vizinhança e cooperação.

Mesmo debaixo de ameaças externas e eventualmente comuns, há povos e gentes que preferem a perfídia e a traição, e, ou, o aproveitamento maléfico de interesses mesquinhos ou de grupo/seita.

As actuais divisões dos partidos políticos, a pior invenção da Ciência Política — se é que tal existe — até hoje, em simultâneo com as diferentes ideologias — que só trouxeram desgraça à humanidade e nunca resolveram nenhum problema — são disso exemplo.

O tempo passa, as gerações acham sempre que a história da vida começa com elas e perdeu-se o respeito seja pelo que for, pois fizeram crer a toda a molécula andante que tem direito à sua opinião, mesmo que só tenha 16 anos (a descer) e que tal vai mudar o mundo.

Bom, e de facto, vai sempre dar a algum lado.

Portugal está a desaparecer.

Quando é que a verdade nos libertará?

Brandão Ferreira
Tenente-Coronel Piloto Aviador (Ref.)

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(1) Foi a primeira guerra civil que em Portugal houve, felizmente não teve graves consequências.

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